Até quando o dinheiro vai definir o nosso caráter?




“Recentemente, a imprensa divulgou uma proposta de financiar as universidades por meio da Lei de Incentivos Fiscais. Seriam permitidas deduções do Imposto de Renda de entidades que investirem em bolsas de estudo, reformas, pesquisas e outras ações. A proposta seguiria o mesmo princípio da Lei de Rouanet, que já garante isenção de tributos para empresários que destinam seus impostos a atividades culturais e esportivas. Fica difícil decifrar o que está por trás desse projeto.

Aos desavisados, a proposta soará como idéia brilhante que salvaria a pesquisa e o ensino superior do Brasil. Aos conhecedores das motivações escusas da política cultural vigente, fica a dúvida: a trama pode estar envolta em ingenuidade e boa-fé, mas pode também ser fruto de estratégias voltadas à privatização total e definitiva do ensino superior, cada vez mais tratado como mercadoria.”

(Jorge Antunes, “O financiamento das universidades e a tramóia dos privatistas”. Correio Brasiliense, 16/03/09)



São essas e outras trambicagens do nosso governo que fazem com que os brasileiros acreditem cada vez menos no futuro da nação. Certa vez eu me pus a ler a Constituição, um dos muitos livros empoeirados na estante de advogado orgulhoso do meu pai, e confesso que foi uma das coisas mais lindas que já li na minha vida. Se as coisas acontecessem exatamente como estão escritas ali todos seríamos felizes (embora essa idéia de felicidade plena e eterna me incomode), ou pelo menos teríamos uma vida digna, na qual todos teriam as mesmas oportunidades, ou no mínimo semelhantes. Foi aí que me perguntei: Então por que as coisas não acontecem assim? E de imediato me veio a resposta: Porque mais cedo ou mais tarde alguém procura uma forma de se dar bem, a maioria acaba entrando em um ciclo vicioso de mentiras e ladroagem(sem aquele senso comum de que todo político é ladrão).


Quando decidi fazer direito no ensino médio (embora, atualmente eu não faça), sempre me perguntava como seria a minha vida quando eu fosse uma juíza. Pensava em ajudar pessoas da forma que eu pudesse e tentar transformar o meu país através do meu trabalho. Mas cheguei à conclusão de que seria meio difícil me manter limpa e incorruptível no meio da podridão dos acordos por detrás dos panos e das propinas que rolam em cada processo. Imaginei, que talvez um dia, todos aqueles senadores e deputados, também tenham tido um pensamento empolgado e revolucionário como o meu, mas chegando onde estão hoje, viram que as coisas não são bem assim e que a honestidade de um dificilmente contagia os demais. Infelizmente, embora acredito que não seja impossível.


Certa vez, no curso preparatório para concursos que freqüento o professor de Direito Penal citou o infeliz exemplo de um advogado que comeu as provas do caso, dois cheques. Ele simplesmente pegou o processo, virou-se e comeu. Nesse momento senti vergonha do meu país, senti vergonha das pessoas, senti vergonha do meu pai por ele ser advogado e imaginei que talvez ele também minta para pagar as minhas contas.


Desisti de direito por não querer me envolver nesse emaranhado de corrupção, por me sentir decepcionada e ferida com a hipocrisia do curso que antes eu achava tão bonito e tão forte para promover mudanças positivas. Assim como desisti de jornalismo por achar que atualmente a imprensa mais manipula que informa.


Decidi fazer engenharia civil, mas ultimamente tenho me perguntado muito: O que eu vou fazer pra melhorar a vida das pessoas através do meu trabalho? Eu não quero só ganhar dinheiro e fechar meus olhos para o mundo. Afinal, aquilo que citei no primeiro parágrafo, só acontece por que quem está com o poder só pensa em ganhar dinheiro, tem mais ambição do que compaixão pelo mundo que está doente.

Mas até quando o dinheiro vai definir o nosso caráter?

Tenho pensado novamente em fazer direito.


Interpretação da imagem feita por:
Léo PS - diz:
*texto da imagem: a linda e sensual justiça tem esperança em seu vestido, não sabe segurar uma espada tá brincado de pata sega, acredita em signo do zoodiaco (libra) e cavalga em sua bela lesma chamada Gary, já a lesma é uma bela artista e pinta em seu casco com a boca cenas do cotidiano... dããã =P

*num tendi... o que é preu dizer ? =D
. Fernanda Mell . diz:
*o que tu conclui, sem ler esse texto idiota!
*(foi tu que fez o texto?)

o0"


Comments

Camila Pires said…
Mel, infelizmente o mundo jurídico é assim mesmo. Mas o que faremos com a justiça, assim como outros ramos como a engenharia ou o jornalismo, se não houver pessoas que tenham pelo menos um pouco de esperança em mudar alguma coisa? Temos que cruzar os braços, deixar as coisas como está e mudar de profissão?
Eu faço Direito e tenho um professor de Hermenêutica que nos ensina isso! Adianta estudar 5 anos pra deixar o sistema como está? Alguém precisa lutar pelo país. Isso que precisamos espalhar. A força de vontade na mudança! E não o desânimo da derrota!

Ânimo mel! Vamos lutar pelo Brasil!
Luisa Cutrim said…
Eu realmente gostei do texto, agora concordo um pouco o que alguém te disse. Tu fazer enganharia não necessariamente vai fazer com que tu feche os olhos para o mundo, até porque já está mais do que claro que tu não em alieanada a esse ponto!

Faça o que te dar prazer e ajudará as pessoas como nunca imaginou!

(Minha visão romântica do Direito sempre prevaleceu, por isso, não descarto o curso de um futuro e o vejo em minha personalidade, assim não irei comentar sobre isso - já comentando!)

;*
Errei na Mosca said…
Permita-me não concordar contigo: pior que a Globo ou o Exército mostrar/se gabarem do tal radar é o Lula dizer que "Um país que acha petróleo a 6.000 metros de profundidade tem capacidade de achar um avião". hehe Chega a ser engraçado tanto non sense.

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