Acabou.




Dói. Dói tanto que me dá vontade de arrancar as entranhas de dentro do meu ser.
Minhas pernas tremiam quando cheguei lá, meu coração batia forte e rápido com a sensação de ansiedade à tua espera. Imaginando mil coisas.
Só por ti mesmo, eu iria ali novamente, não que o ambiente seja desagradável, mas pelos sentimentos que me traz. Além do mais a vontade de chorar não saia de dentro de mim. Estava quase tudo como eu havia visto pela última vez, só não os rostos. Uns eu não reconhecia, outros faltavam. Estava suada de tanto andar pra comprar um presentinho humilde.
Mas quando ti vi. Parece que tiraram meu chão e ver outra pessoa ao teu lado, foi como um tapa na minha face. Não sei por que não fui embora correndo sem nada dizer. Minha única reação foi correr e ti abraçar, mas senti que meu abraço não foi recebido com o mesmo entusiasmo. Nem sabia onde enfiar minhas mãos para que ninguém percebesse que elas tremiam. A situação era muito constrangedora pra mim. A mais constrangedora de toda a minha vida. Ficar ali sem saber o que dizer. Me arrependi mil vezes de ter ido. Chinguei -me com dez mil palavrões diferentes.
Tornou-se pior quando notei a tua indiferença. Nem um beijo no rosto, nem um outro abraço retribuindo, nem uma mão no ombro, reconfortante como tu sempre fazes.
Depois, na volta pra casa a tua distância me matou. Colocaste a mala entre nós dois? Nem a tua mão na minha eu senti.
Duas lágrimas teimosas escorreram pelo meu rosto. Não eras o mesmo. Não estavas ali comigo. A conversa da qual eu não participava e que tu desenvolvias com tanta naturalidade, me fazia sentir vontade de abrir a porta e pular do carro. Vi meu corpo dez vezes se chocando contra o asfalto e se partindo em mil pedaços, sangue pra todo lado. Morreria e tu nem irias peceber.
Era como se eu não ti conhecesse, era como se tu fosses um estranho que havia pegado a mesma carona. E eu era nada. Um vazio do teu lado esquerdo. Morri por dentro. Não havia nada mais por debaixo da minha pele.
Apressei-me em pegar as chaves, pra não ter que passar mais nem um segundo ali. Quando o carro parou meu estômago virou vento. Acabou. Nunca mais vou vê-lo. Agradeci gentilmente, enquanto eu me movia pra sair tu passaste a mão na minha cabeça. Hã? Idiota. Apressei o passo até a porta. Abri. Fechei. Sentei-me no primeiro batente da escada e chorei. Subi a escada chorando. Entrei em casa chorando, olhei o sofá e continuei chorando. Teu telefone estava desligado. É, não sentiu a minha falta e nem quer falar comigo.
Rolei dez mil vezes na cama na tentativa de arrancar aquela dor do meu peito. Deitei no chão do banheiro e continuei chorando. Olhei as fotos que permanecem no painel e minha garganta fechou. Escrevi e continuou doendo. As pelúcias que me deste, consolaram-me a noite toda. E choveu.

A culpa é toda minha. De mais ninguém.

Acabou.


[Ouvindo Rosas de Saron- Sem você]

Comments

errei na mosca said…
Odeio telefones desligados.
Dani said…
Amores passam e as feridas cicatrizam. Eu sei que parece aquelas frases feitas ditas por tias velhas, na tentativa frustrada de um conforto. Mas, quando tudo passar, olharás para trás e acharás graça... e agradecerás não só pelas experiências boas e ruins frutos dessa relação que passou, mas, pricipalmente, por ela ter passado e dado espaço para tantas outras que ainda virão.

beijo rouge

Dani
pontorouge.blogspot.com
O melhor post! Logico que não é pela historia triste..e real =/
mas sim pela tua capacidade de escrever.
parabens mel..foi o post que tu te expressou de melhor forma, mas com um jeitinho único e só teu... identidade textual ;)
viu o lado bom dessw post? ashauhsua.. te amo minha doçuura!
H L said…
é uma dor tão profunda que às vezes não entendo como se dá para aguentar!
Dói, fere, machuca de verdade... é tão triste!
Já passei, passo por isso...às vezes com mais intensidade, às vezes com menos...o motivo? o motivo smepre é o mesmo!!

bjãoo

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